Outro poema.

"Outro poema", por Kaue Cadene, feito em 10/10/2021. Sobre existir e pós-modernidade rápida.

Eu não sei dizer se é isso que eu espero;
Fazer poemas todas as noites;
Em que a chuva;
Cai lá fora;
Mas eu estou pegando leve comigo;
Cada gota é como um acorde do violão;
A gente espera outra, e mais outra; 

Estou pegando leve comigo;
Pois sei que terão outras tempestades que não me deixarão dormir;
E que também não me deixarão escrever;
Mas eu prometo que talvez;
Quando estiver menos niilista;
Eu olhe pela janela;
E faça poesia da chuva;

Mas enquanto esse dia não chegar;
Vou reclamar, em poemas, de como esse dia está distante;
E vou pegando leve comigo;
Versos por versos;
Estrofes por estrofes;
Noite por noite;
Gota por gota;

Os meses tem passado depressa;
Assim como a chuva numa noite; 
Num momento você pisca;
No outro já é dia;

Em uma noite você está bêbado;
Deitado no chão da sala; 
Enquanto espera declarações de amor;
E na outra;
A barba já cresce; 
Voce já não bebe;
Você sente seu corpo;
E teu corpo te sente;

Você sente a chuva diferente;
Você se molha;
Você cansa;
Você descansa;
Você olha pela janela;
Olha pro espelho;
Olha pro celular;
Depois pra janela de novo;
E depois pro volante do carro;
E depois pra porta do trabalho;
E pra janela do trabalho;
E pra porta de casa;

E quanto mais o tempo passa;
Mais saudade fica;
Do chão da sala;
Das gotas de chuva;

Mas você sabe que não volta;
Então espera outra tempestade;
Outra noite;
Outra janela e outro trabalho;
Outra porta e outra casa;


E enquanto esse dia não chega;
Você vai pegando leve consigo;

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