Eu apenas fui um sonho ruim.

    Rasga minha carne e risca minha pele dizer isso, mas sim, eu fui o pior de mim e, infelizmente, o meu maior demônio sou eu mesmo, não posso destruí-lo, ele sabe como colar os fragmentos.

    Por muito tempo cai em minha própria apatia, roguei pelas minhas dores, em vão, chorei e tenho os relatos marcados de minhas lágrimas, gritei e tenho os ecos de meus lamentos, sinfonias.

    Desligue a luz.

    Apague todos os nossos feitos, seja igual a mim, um eterno poeta pessimista, fadado a morte, ao existencialismo que preenche minhas veias, o absurdismo de estar vivo.

    Eu fui apenas um sonho ruim.

    E bem sabe você de todos os meus pecados, de ser cego pelo egoísmo, pelo desejo de melhorar, da angústia e do medo de dar o primeiro passo e conservar o conforto.

    Desculpe, desculpe por tudo, por toda página queimada, pelos capítulos consumidos, pelas palavras vazias, assim como nós, vazios e sem significado prévio, pois o nosso unir foi insignificante, nós bem sabemos disso.

    Despenque pelo cansaço.

    Sinta que eu fui apenas a coroa de espinhos que destruiu toda a sua liberdade, mas, sem mim, você jamais teria descoberto o significado de vida, de viver e voar, da própria liberdade. Sem mim, você jamais teria dado tamanha importância a ela.

    Una suas partes.

    Construa seu quebra cabeça, se permita machucar pelas bordas, deixar sangrar teus venenos, libertar seus feitos tóxicos, suas dores manchadas, hematomas crucificados.

    Mas no fim, lembre:

    Eu fui somente um sonho ruim.

    E obrigado por me acordar.



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