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Mostrando postagens de 2020

Débito de nossa individualidade.

     Pra ser sincero, é irônico quando a gente pensa em se sentir individual, quando a gente quer ter o próprio jeito, quer ser conhecido pelo próprio nome, pela própria aparência e escolhas singulares. Ter um pouco de amor próprio. Porém esquecemos que o Kaue é moldado pela sociedade, forçado pela sociedade, construído dentro de um processo histórico. Então, unicamente Kaue eu não vou ser. Se, nessa vida, todo mundo é todo mundo para todo mundo, então a individualidade não existe. Mas, teoricamente, ela existe. Se todo mundo fosse propriamente individual, a sociedade não existiria. (Obrigado Shiey por este incrível diálogo). É conflitante, antigamente se sentir individual era a sensação mais repugnante possível, qualquer coisa que afetasse o rebanho, o grupo, era totalmente inadmissível, ideias, intenções, desejos. NADA. Porta barrada no seu nariz, desgosto pelos seus ideais. Fogueira, morte, enforcamento. Para retratar melhor, vou tentar pegar um trecho de Nietzsche: ...

Eu apenas fui um sonho ruim.

     Rasga minha carne e risca minha pele dizer isso, mas sim, eu fui o pior de mim e, infelizmente, o meu maior demônio sou eu mesmo, não posso destruí-lo, ele sabe como colar os fragmentos.      Por muito tempo cai em minha própria apatia, roguei pelas minhas dores, em vão, chorei e tenho os relatos marcados de minhas lágrimas, gritei e tenho os ecos de meus lamentos, sinfonias.      Desligue a luz.      Apague todos os nossos feitos, seja igual a mim, um eterno poeta pessimista, fadado a morte, ao existencialismo que preenche minhas veias, o absurdismo de estar vivo.      Eu fui apenas um sonho ruim.      E bem sabe você de todos os meus pecados, de ser cego pelo egoísmo, pelo desejo de melhorar, da angústia e do medo de dar o primeiro passo e conservar o conforto.      Desculpe, desculpe por tudo, por toda página queimada, pelos capítulos consumidos, pelas palavras vazias, assim ...

48 horas para não se sentir tão vazio.

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Caminhava. Dia quente para um inverno, num mesclado de mudanças temporais que os jornais já debatiam há muito tempo se era natural ou não. Não fazia diferença. Céu limpo, onde nuvens algodão davam um toque artístico ao xadrez azul-branco monótono que existia sobre os tetos das casas. Vento fresco, amigável, batendo no rosto como um beijo suave. As ruas, como sempre, urbanas. Casas com os jardins vazios, criançada na escola, buzinadas aqui e ali, vendedores alegres, vizinhos debruçados sobre os portões, sorrindo para o nada, fofocando. Sinfonia de cidade pequena, você ouvia, depois parava de ouvir por alguns míseros segundos, e neste meio tempo já ouvia algo novo. O motor rugindo dava espaço, momentaneamente, para alguma máquina trabalhando num canteiro de obras, e com a ansiedade artística do papel ruidoso automobilístico, retornava com todo fervor para simbolizar que ainda estaria ali, naquela paisagem urbana. Era sexta, dia de fazer barulho, correr para casa, pisar no acelera...

Incoerente demais para ser agressivo

     Era terça-feira, bem cedinho, o frio enroscado no cachecol, a mochila nas costas, passos largos depois da despedida da mãe, o pátio da escola vazio, cadeiras e mesas esticadas na entrada, a moça da cantina preparando os forninhos.       Esfregava as mãos frequentemente e assoprava contra elas, o calor tocando a palma da mão como uma onda reconfortante. O sono fazia cambalear, a mão no bolso procurava a carteira, trocaria moedas para deixar a "tia-da-cantina" feliz, ajudar no troco, sabe como é...      Jogou uma pilha gigantesca de moedas sobre o balcão, ela não fazia ideia de quanto tinha ali, muito menos ele, mas queria fazer a caridade do dia, ajudar a moça, não precisava ganhar nada em troca, só ajudar.      Ofendida, não precisava de caridade, trocaria tudo em lanchinhos, mas ele não percebeu as ofensas de suas ações, incoerente demais para ser agressivo, de noite, talvez, se ressentiria por tudo isso. Agra...

Bulimia - O mal vem de dentro.

(Comentários que fiz depois de terminar o artigo): Sim, ficou grande pra caramba, então mesmo que você não queira ler, gostaria de pedir do fundo do coração que compartilhe até chegar em alguém que precisa, eu agradeceria demais, e quando tiver um tempo vago sem fazer nada, volta aqui e da uma olhada <33. Eu dividi tudo em tópicos, talvez ajude, caso você queira só ler uma parte. Coloque uma música tranquila, sente num lugar confortável e vamos para o texto. Bulimia – O mal vem de dentro. Dessa vez eu tenho que começar um texto de uma forma diferente e talvez um pouco mais corrido. Então, Oi, meu nome é Kaue. Eu tive episódios de Bulimia (explico isso mais pra frente, de forma mais calma) por alguns momentos da minha vida, e então resolvi fazer um artigo com tudo que você precisa saber sobre o transtorno, como lidar ou como ajudar alguém que está passando por isso. Espero que de alguma forma minha experiência venha a ajudar de alguma forma. Lembrando: há inúmeras formas...