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Mostrando postagens de outubro, 2021

Nascido para cidade.

  Eu nasci na cidade. Não na metrópole, não em São Paulo, nem no Rio, muito menos em Floripa, nem em Fortaleza. Nasci na cidade sou pra cidade. Não cidade grande, mas a do interior.  Não sei o que é pegar um ônibus lotado (a cidade aqui não tem nem empresa de ônibus), mas também não sei tirar leite de vaca. Nunca, nem de perto, vi um metrô, mas com muito pensar, pesar e dificuldade, consigo plantar um pé de alface num canto de casa. Nasci na cidade e pra cidade, para ser engolido pela urbe e todas as suas ruas e bairros vazios. Garoto de condomínio, nike no pé e no peito, pivete que não se viraria um dia num subúrbio, num bairro de periferia, que não sabe se virar sozinho. Anda de Uber, não de Taxi, nem de ônibus. Marmita é tipo uma aventura, pois o self-service sempre esteve disponível. Desculpa por começar outro texto de forma melancólica ou angustiante, é meu jeitinho. 10/08/2021 eu descobri que na verdade, eu não nasci tão bem assim para a cidade grande, mas quem...

Outro poema.

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"Outro poema", por Kaue Cadene, feito em 10/10/2021. Sobre existir e pós-modernidade rápida. Eu não sei dizer se é isso que eu espero; Fazer poemas todas as noites; Em que a chuva; Cai lá fora; Mas eu estou pegando leve comigo; Cada gota é como um acorde do violão; A gente espera outra, e mais outra;  Estou pegando leve comigo; Pois sei que terão outras tempestades que não me deixarão dormir; E que também não me deixarão escrever; Mas eu prometo que talvez; Quando estiver menos niilista; Eu olhe pela janela; E faça poesia da chuva; Mas enquanto esse dia não chegar; Vou reclamar, em poemas, de como esse dia está distante; E vou pegando leve comigo; Versos por versos; Estrofes por estrofes; Noite por noite; Gota por gota; Os meses tem passado depressa; Assim como a chuva numa noite;  Num momento você pisca; No outro já é dia; Em uma noite você está bêbado; Deitado no chão da sala;  Enquanto espera declarações de amor; E na outra; A barba já cresce;  Voce já não bebe; V...

Bar de Cidade Pequena.

Um poema escrito por Kaue Cadene, repensando "Tabacaria" de Álvaro Campos (vulgo Fernando Pessoa), só que, neste século e nesta cidade.  Me sento na sacada do apartamento; A rua é escura; Os de minha idade festejam no estacionamento, com som no carro; Garrafas de Vodka, Whisky e Gin; Abraçados, os manos, sem minas; Com bons raps na caixa, mas poucas ideias na cabeça; A rua é movimentada de um lado, escassa do outro; O bar lotado mais adiante, com algumas luzes que se jogam ao céu noturno; Contém Pessoas paradas na entrada, fumando; Que sou de mim;  Apenas observador de vida? Em noites escuras? Distantes?  O celular com convites que não tive disposição de ir, pois não reuni vontade, o desânimo do trabalho já me roubara toda;  Nem Whiskys, nem Cigarros, somente um estômago vazio numa noite de Primavera, numa sacada escura, de uma rua chamada Getúlio Vargas, de uma cidade pequena, de um país em crescimento; Olho o relógio, de que me importam as horas?  São vinte du...