Incoerente demais para ser agressivo
Era terça-feira, bem cedinho, o frio enroscado no cachecol, a mochila nas costas, passos largos depois da despedida da mãe, o pátio da escola vazio, cadeiras e mesas esticadas na entrada, a moça da cantina preparando os forninhos. Esfregava as mãos frequentemente e assoprava contra elas, o calor tocando a palma da mão como uma onda reconfortante. O sono fazia cambalear, a mão no bolso procurava a carteira, trocaria moedas para deixar a "tia-da-cantina" feliz, ajudar no troco, sabe como é... Jogou uma pilha gigantesca de moedas sobre o balcão, ela não fazia ideia de quanto tinha ali, muito menos ele, mas queria fazer a caridade do dia, ajudar a moça, não precisava ganhar nada em troca, só ajudar. Ofendida, não precisava de caridade, trocaria tudo em lanchinhos, mas ele não percebeu as ofensas de suas ações, incoerente demais para ser agressivo, de noite, talvez, se ressentiria por tudo isso. Agra...